A Sexualidade e a Fisioterapia
A sexualidade se baseia no estado psicológico e fisiológico de cada individuo, associado a condições anatômicas. Presente na nossa vida desde o nascimento, ela é desenvolvida no decorrer do tempo, conforme o ser humano entra em contato com o meio externo. Ela não é única ou inalterável, ou seja, ela sempre irá sofrer modificações ao longo da vida de cada individuo, conforme a cultura e época que o cercam.
A disfunção sexual caracteriza-se pelo bloqueio de qualquer uma das fases que definem a atividade sexual (excitação, platô, orgasmo, resolução).
A fisioterapia tem uma finalidade expressiva quando nos referimos à disfunção sexual, especialmente no que diz respeito a alterações na MAP (musculatura do assoalho pélvico). Tais alterações podem ocorrer por situações que afetam o funcionamento correto da região como: a pratica inadequada de atividades físicas que possam prejudicar a função adequada da musculatura pélvica; ou as alterações sofridas por cirurgias locais; além de alterações decorrentes da gestação e parto; e até mesmo o processo natural do envelhecimento.
Alterações no tônus muscular refletem em desconfortos na atividade sexual, podendo ocasionar a falta do desejo sexual, a dificuldade de excitação e do orgasmo. O tônus abaixo do normal ou hipoativo pode interferir no momento de sentir prazer e até mesmo no orgasmo. Assim como, um tônus acima do normal ou hiperativo acarreta em dores e desconfortos durante a atividade sexual (dispareunia), e às vezes até na dificuldade de ocorrer à penetração, o que se define por vaginismo.
A eletroterapia é o estimulo elétrico utilizando-se de eletrodos de superfície ou intravaginal/anal e contribui para melhora da percepção corporal, além de poder ser utilizada na redução da dor. A liberação miofascial, a digitopressão externa e a massagem perineal também irão ajudar a reduzir ou até mesmo cessar a dor/desconforto nas dispareunias.
O biofeedback é uma das técnicas utilizadas para o tratamento, no qual as pessoas aprendem a reconhecer os sinais referentes às atividades fisiológicas, podendo alterá-los e controlá-los. Ele tem como função a conscientização do assoalho pélvico, e o fortalecimento da musculatura em casos de hipoatividade. Nas situações de hiperatividade, auxilia no controle do relaxamento satisfatório. Conduz a melhora na resistência durante a execução dos exercícios, melhora na coordenação e dissociação abdomino-perineal. Além de reeducar o paciente em suas atividades executadas diariamente.
A cinesioterapia com o auxilio dos cones ou pesos vaginais, serve como uma forma de aprendizado na contração e relaxamento dos músculos, e também tem um papel importante na melhora da conscientização corporal, podendo ser usados durante as atividades diárias, melhorando a habilidade muscular durante o esforço ou movimento.
O ben-wa ou as bolinhas tailandesas, geralmente são duas ou mais conectadas por um cordão e servem para introdução vaginal, trabalhando o fortalecimento da musculatura, além de exercitar a coordenação motora do assoalho pélvico, auxiliando na melhora do prazer e na obtenção do orgasmo. Através do seu uso é possível realizar um treino correto da musculatura do assoalho pélvico, dissociando-a da musculatura abdominal. Ou seja, serve como uma forma de orientar a contração correta da MAP, ao invés de contrair os músculos abdominais.
São diversos os recursos fisioterapêuticos que podem ser trabalhados nos diferentes quadros clínicos que englobam a disfunção sexual. O tratamento interdisciplinar na disfunção sexual é indispensável. Os aspectos psíquicos são abordados pelo psiquiatra e psicoterapeuta, assim como os aspectos físicos são direcionados ao fisioterapeuta, com auxilio de medicação orientada pelos médicos.
***Texto elaborado por Drª. Samantha Corgas Castro (CREFITO 8: 135400-F).